Ouro volta à liderança de rentabilidade em fevereiro

O cenário político turbulento no mundo e a escassez de oferta empurraram a cotação do metal para cima, levando o ouro à posição de melhor investimento do mês de fevereiro.
Após perder boa parte de sua valorização em janeiro deste ano, o ouro voltou a encabeçar o ranking dos investimentos do mês. Acumulando valorização de 5,52% nesses 28 dias, o metal tem conquistado grande rentabilidade na esteira dos acontecimentos políticos no Oriente Médio e no norte da África.
Os recentes levantes populares em diversos países árabes, em especial Egito e Líbia, fomentaram uma grande onda de aversão ao risco nos mercados. Com receio de uma difusão desses problemas pela Europa, investidores de todo o mundo buscaram posições mais defensivas perante o mercado.
Sinal disso é a alta do petróleo registrada desde o início dos conflitos. Somente em fevereiro, o barril negociado na Bolsa de Nova York acumulou alta de mais de 11%.
"Quando o petróleo sobe, é um indicativo de aversão ao risco. Pode ter certeza que o ouro sobe junto", avalia Mauriciano Cavalcanti, sócio-operador da OM DTVM (Ouro Minas). "O ouro é um investimento defensivo. Qualquer crise, seja ela econômica ou política, acaba forçando a cotação para cima."
No entanto, nem só das derrubadas das ditaduras árabes vem a valorização do metal. Vale destacar que também há um fator de sazonalidade que interfere sobre as negociações. Entre janeiro e março, as fortes chuvas dificultam a atividade do garimpo, diminuindo a oferta do produto no mercado. "Desde janeiro estamos sentindo a redução da disponibilidade de ouro no mercado", sinaliza Cavalcanti.
O especialista explica que atualmente o grama é negociado em torno de R$ 78,40. Esse valor conta com um ágio de 4,4% em relação à paridade dos preços no mercado internacional. "Esse ágio se deve, essencialmente, à essa questão sazonal", avalia.
Ibovespa
O Ibovespa, por sua vez, teve uma tímida valorização de 1,21% no período, após um mês de janeiro sofrível, quando acumulou perdas de 3,94%.
Mesmo com o desempenho bastante superior, não há tendência positiva traçada para o principal índice de ações do país. Embora aposte em uma boa rentabilidade para o ano, Rossano Oltramari, analista-chefe da XP Investimentos, vê um momento de forte instabilidade para o mercado de capitais nacional.
O especialista acredita que o mercado deve operar de lado, sem grandes ganhos ou perdas, até que fique definida a linha de operação do Banco Central e do Ministério da Fazenda. "Estamos vivendo um momento de aperto monetário em que não temos ainda dimensão do tamanho da mudança que virá", defende Oltramari. "Enquanto tivermos com pressão inflacionária sem uma posição do governo de qual será a direção da política monetária, o mercado vai operar de lado. O investidor está aguardando essa posição."
Do mesmo jeito que não há tendência de alta traçada, também não há de queda. "A não ser que assistamos a uma forte deterioração do mercado internacional, a bolsa não deve cair mais", explica o analista. "Já tocamos uma resistência muito forte, aos 64 mil pontos. Dificilmente vamos romper isso para baixo."
Câmbio
A desvalorização do dólar no mês foi de 0,73% em um cenário em que o câmbio protagoniza o palco de preocupações do Banco Central. "A quantidade de dólar entrando no país é surpreendente", comenta Oltramari.

As ações do Banco Central têm se limitado a conter a depreciação da moeda americana uma vez que não será possível reverter o cenário criado. "A gente tem de aprender a conviver com o real valorizado. Será assim daqui para frente", pontua.

Fonte: Brasil Econômico

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