Mineração amplia inversões no país
O minério de ferro, carro-chefe do setor extrativo, deverá gerar divisas de US$ 20 bilhões no ano
O forte reaquecimento da demanda mundial por matérias-primas levou o Instituto brasileiro de Mineração (Ibram) a rever pela terceira vez este ano sua previsão de investimentos para o setor até 2014. A nova cifra, de US$ 62 bilhões, é recorde e supera em 14,81% a estimativa anterior feita em abril, que era de US$ 54 bilhões. O bom momento do setor tende a se refletir ainda no Brasil em um valor recorde de produção mineral.
A previsão do Ibram para este ano é de históricos US$ 35 bilhões, dos quais US$ 20 bilhões vêm da extração do minério de ferro, carro-chefe da produção nacional. Se confirmado, o valor esperado para 2010 será 45,83% superior ao valor registrado pela produção nacional em 2009, que somou US$ 24 bilhões.
Segundo o presidente do instituto, Paulo Camillo, a atividade mineral no país deve continuar crescendo de 10% a 14% ao ano ao longo dos próximos cinco anos. Para o executivo, o nível recorde dos investimentos reflete a entrada de novos projetos, como a construção de uma pelotizadora e um mineroduto pela Samarco e também uma mina de ouro pela Kinross em Minas Gerais. Ao todo, são 60 projetos já contabilizados pelo Ibram até 2014.
O levantamento feito pelo Ibram revela que os projetos de minério de ferro devem representar 1/3 do total histórico de US$ 62 bilhões previstos para serem investidores entre 2010 e 2014. O carro-chefe é o minério de ferro e temos preços e produção subindo. Mas, no geral, outros minerais também estão com tendência de alta nos preços, frisou Camillo, que participou de uma palestra na Câmara Britânica de Comércio e Indústria no Brasil (Britcham), no Rio de Janeiro.
Correções
Em 2010, as grandes mineradoras conseguiram implementar um reajuste superior a 100% no preço do minério de ferro. Além disso, a demanda consistente por matérias-primas da China e a recuperação de mercados, como o europeu, vem contribuindo para ampliar o volume comercializado pelo País.
Durante o evento, o executivo lembrou que a perspectiva de crescimento da economia mundial, especialmente dos países emergentes, vem incentivando as companhias a aumentar seus investimentos para ampliar seu potencial de produção. Um dos indicadores que comprovam esse maior apetite do setor, conta, é o número recorde de pedidos de licença para pesquisa no Departamento Nacional Pesquisa Mineral (DNPM). Todos estão correndo atrás, há recordes nos pedidos de autorização de pesquisas, disse.
Déficit
Pelos cálculos do Ibram, o mercado transoceânico de minério de ferro opera atualmente com um déficit em torno de 90 milhões de toneladas anuais. A relação entre a oferta e a demanda pelo insumo só deve se equilibrar a partir de 2013, com a entrada em operação de novos projetos.
O executivo lembra que esse déficit tem contribuído para o atual ciclo de alta no preço do produto. A expectativa, prevê, é de que a tendência de alta dos preços se mantenha no curto prazo. O mercado transoceânico hoje é de cerca de 850 milhões de toneladas e só não houve déficit em 2008 e 2009 por causa da crise econômica global, afirmou.
Fonte: Brasil Mining