Especialistas já falam em apagão de geólogos
Atualmente, o petróleo representa quase 80% de toda energia consumida no planeta. Seja na indústria ou no transporte, o combustível fóssil movimenta a economia de países e é peça estratégica para o desenvolvimento. Recentemente a Petrobrás anunciou que investirá US$ 236,5 bi no Brasil até 2016. Deste montante, quase 60% será destinado a exploração e produção de petróleo.
A área da geologia está diretamente ligada ao ramo petrolífero, justamente por estudar o solo e suas composições físicas. Para Alexandre Perinotto, doutor em geologia e professor do Instituto de Geociência da Universidade Estadual Paulista UNESP, as diversas inovações tecnológicas na exploração do petróleo têm avançado de maneira benéfica.
Técnicas ligadas a Geociência ajudam na conservação do meio ambiente, reduzindo parte dos impactos decorrentes do processo de extração. Sem essas técnicas, o sucesso exploratório diante de uma atividade de risco como é a prospecção e extração do petróleo, nunca teria alcançado os bons patamares que temos hoje em dia, explica Perinotto.
Técnicas computacionais avançadas também permitiram trabalhar com variáveis geológicas multidimensionais, fazendo com que, sofisticados softwares em computadores, aumentasse a capacidade de decisão no desenvolvimento dos campos petrolíferos, completa.
Investimento em exploração e produção de petróleo é importante, mas o mesmo deve acontecer com as áreas técnicas. Segundo Perinotto, um dos desafios do Brasil no cenário petrolífero atual é a dificuldade na criação de novos cursos de geologia com uma infra-estrutura adequada, para gerar mão de obra qualificada.
Não é possível dar uma boa formação a um jovem que ingresse em um curso de Geologia em turmas maiores que 50 alunos por sala, contesta. Diversos tipos de laboratórios e muita atividade de campo são fundamentais para uma boa formação de geólogos.
Assim, mesmo com a criação desses novos cursos, ainda precisamos mais. Além disso, não se trata somente de criar um curso, é muito mais necessário equipar salas, laboratórios e contratar docentes. Neste item também existem alguns problemas: está faltando doutores na área.
Para o especialista, um dos grandes desafios do Brasil no setor é ter mão-de-obra especializada em curto período de tempo. Outras demandas tecnológicas e de outros profissionais não-geólogos também são fundamentais para a indústria petrolífera.
Apagão da Geologia
Mesmo com tantos problemas à vista, a curto e médio prazo, o Brasil ainda está inserido em um contexto petrolífero positivo. A Petrobras é hoje uma referencia tecnológica em extração de petróleo, sem falar das recentes descobertas do pré-sal. A Agência Nacional de Petróleo (ANP) também contribui muito para esse marco. A ANP é uma agência regulamentadora que vem cumprindo seu papel. Além de resguardar a soberania petrolífera do país, ela regulariza e fiscaliza a prática de exploração do petróleo em território nacional. O que pode ajudar a evitar catástrofes ambientais como o caso Chevron, em 2011, alerta Perinotto.
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Fonte: Diário de Petrópolis