Escassez futura de cobalto torna metal atraente
"O mercado de cobalto tem um potencial fantástico neste ano", disse o CEO da Eurasian Resources Group (ERG), Benedikt Sobotka, executivo conhecido no Brasil, onde vem duas ou três vezes ao ano, como o dono da Bahia Mineração (Bamin), empreendimento que visa produzir 20 milhões de toneladas por ano de minério de ferro em Caetité (BA).
Segundo Sobotka, o mercado para esse metal, em 2017, será incrementado pela demanda por veículos elétricos. O cobalto é componente fundamental de suas baterias.
"2016 foi um ano de altos e baixos no setor de mineração. Tivemos um janeiro sofrível e um primeiro trimestre relativamente volátil, então vimos mercados favoráveis nos dois trimestres seguintes e terminamos o ano com uma expansão", diz ele. O executivo acredita que o mercado de alumínio vai continuar a se beneficiar de um setor de transportes em expansão, com a China dando isenção de impostos a veículos de baixa cilindrada até 2017, mas o cobalto é a melhor escolha do ano, graças à demanda por veículos elétricos.
A ERG de Sobotka tem diversos ativos minerários na República Democrática do Congo, onde ficam 58% das reservas conhecidas de cobalto, segundo dados da CRU, o que justifica o otimismo de seu principal executivo. Depois desse país, vem a Rússia, com 6%; Cuba, com 5%; e Austrália, com 5% das reservas.
O cobalto metálico é usado na produção de várias ligas, sobretudo em aplicações aeroespaciais, assim como na fabricação de produtos químicos à base de cobalto, incluindo aqueles que fazem parte das baterias que equipam os carros elétricos da Tesla, principal fabricante mundial desse tipo de veículo. Há muitos tipos de baterias lítio-íon, mas a maioria delas usa cobalto em alguma quantidade. A eCobalt Solutions diz que em 2020 espera-se que 75% das baterias li-íon contenham cobalto. O motivo é que o chamado "metal azul" aumenta a densidade da energia nos catodos de lítio-íon.
Estimativas da CRU mostram que, em 2020, a demanda anual por cobalto será de 124 mil toneladas, sendo que 17% será usado em baterias de veículos elétricos e 31% em baterias eletrônicas. Não se sabe ainda como atender essa demanda. Um dos problemas para a produção de cobalto é que, de forma geral, ele é um coproduto, que é vendido junto com concentrados de cobre ou níquel. Segundo a eCobalt, 98% do cobalto vem na forma de coproduto, logo, se a produção desses metais não aumentar, a oferta de cobalto não aumenta.
A Vale é uma grande produtora de cobalto, uma vez que é a maior produtora mundial de níquel. Em 2015, a mineradora brasileira produziu 1.448 toneladas de cobalto metálico, além de 2.926 toneladas de um produto intermediário de cobalto e 159 toneladas contidas em concentrados de níquel. O Brasil não exporta cobalto e importa volumes pouco significativos desse metal, seja em concentrados ou outras formas. O preço do cobalto metálico na London Metal Exchange (LME) está em torno de US$ 35,5 mil a tonelada, segundo cotação de ontem (23) para entrega em três meses.