Dirigentes discutem o ‘novo normal’ da mineração
A revista Brasil Mineral reuniu no dia 9 de novembro, em São Paulo, dirigentes e especialistas do setor mineral, em seu tradicional Fórum, que neste ano teve como objetivo discutir os principais problemas da mineração no momento atual de dificuldades, agravado pelo recente acidente com o rompimento de duas barragens de rejeitos da Samarco Mineração, o que contribuiu para tornar a imagem da mineração brasileira ainda mais difícil junto à sociedade.
Consideramos importantíssimo discutir o que acarreta essas dificuldades e como as empresas podem trilhar um caminho em busca da recuperação de um setor muito importante para a economia do País e para a sociedade, que não pode viver sem os bens minerais produzidos, enfatizou Francisco Alves, editor da publicação, abrindo o encontro que nesta edição contou com o apoio da Mineração Buritirama Grupo Bonsucex e patrocínio das empresas Metso, Kepler Weber e Raymond BartlettSnow/ArvosGroup.
Durante sua saudação inicial, Alves reforçou que as empresas vivem desafio duplo: ao mesmo tempo em que precisam se manter estáveis num cenário de preços baixos, também precisam manter suas operações sustentáveis do ponto de vista social e ambiental.
O Fórum Brasil Mineral foi dividido em três momentos: iniciou com a palestra da Secretária Adjunto de Mineração da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado do Pará, Maria Amélia Enríquez também Conselheira da revista Brasil Mineral, que abordou a transição do Super Ciclo para o estágio do Novo Normal da indústria mineral brasileira e global. Na sequência, alguns dos dirigentes eleitos como Personalidades do Ano do Setor Mineral em 2015 participaram como debatedores de duas mesas-redondas no estilo talk-show.
Na primeira, Rodolfo Galvani Jr. (Galvani), João Luiz de Carvalho (Geosol) e Marcelo Xavier (Pöyry), falaram sobre os setores de Fertilizantes, Exploração Mineral e Engenharia/Tecnologia Mineral, mediados por Rolf Fuchs e Sérgio de Oliveira, respectivamente conselheiro e diretor Comercial da revista Brasil Mineral. A segunda mesa reuniu Tito Martins (Votorantim Metais) e Arão Portugal (Amarillo Gold) que abordaram, sob a mediação dos jornalistas Ivo Ribeiro (Jornal O Valor Econômico) e Francisco Alves (revista Brasil Mineral), além de Antenor Silva Júnior, conselheiro da publicação, os principais problemas dos segmentos de Não-Ferrosos e Preciosos, bem como as saídas para a situação de crise atual.
A transição do superciclo para o novo normal
Economista por formação, Maria Amélia Enríquez iniciou sua apresentação lembrando que a economia se move em ciclos: de alta, auge, recessão e depressão, seguindo-se a recuperação. Considerando que a atividade mineral não é de curto prazo e que durante toda sua vida uma mina vai conviver com diversos ciclos, é preciso separar o que é conjuntura e o que é longo prazo. E a mineração, independentemente de conjuntura, por sua natureza tem que ter uma visão de longo prazo e uma relação de sustentabilidade com o território não somente o espaço físico, mas também com todos os atores que compõem esse espaço, salientou a economista.
Lembrando as palavras de Herman Daly, Maria Amélia reforçou que a economia precisa se ajustar à realidade do mundo cheio, hoje com 7 bilhões de pessoas, mas que deverá chegar a 12 bilhões de pessoas segundo estimativas da ONU. E a mineração cada vez mais terá que disputar esse espaço e para tanto precisa incorporar uma estratégia de relação duradoura nesse território.
Em síntese a mensagem apresentada por Maria Amélia defendeu que, independente da situação conjuntural de crise no mercado de bens mineral, a mineração, por sua natureza, deve ter uma agenda de longo prazo: vários ciclos ocorrerão durante a vida útil da mina, mas no mundo cheio a licença socioambiental ganhará destaque crescente. Para ser sustentável, a mineração deve minimizar impactos, maximizar benefícios, de forma a deixar um legado de prosperidade para a sociedade, criando novas oportunidades socioeconômicas e fortalecendo a governança socioambiental.