Começa uma nova corrida ao níquel
A descoberta da megajazida de 500 milhões de toneladas de níquel em São Félix do Xingu, no sul do Pará, prevista para entrar em operação em 2013, já desperta o interesse de clientes estrangeiros atraídos pela excelente qualidade do minério, de alta cotação no mercado internacional.
Os empregos que serão gerados pelo Projeto Jacaré, da multinacional Anglo American, também devem atrair trabalhadores para São Félix.
A prefeitura do município já se prepara para os novos tempos que a exploração de níquel irá trazer para a região.
Várias reuniões já foram realizadas, desde o ano passado, entre dirigentes da Anglo American, líderes comunitários, sindicalistas e empresários do município.
O objetivo tem sido explicar detalhes do projeto e ouvir o que o povo tem a dizer sobre as consequências econômicas, sociais e ambientais para São Félix e municípios vizinhos.
Na prática, a empresa já começou a identificar o modo de vida e as necessidades da população.
As primeiras ações da multinacional incluíram a recuperação de 23 quilômetros de estradas de acesso a diversas comunidades e conserto de cinco pontes de madeira.
Houve também a doação de dez novos computadores e seis impressoras para a escola municipal Maria Madalena.
Líderes da região querem debater com a empresa todos os resultados que um projeto desse porte, que agrega investimentos de R$ 9,2 bilhões e tempo de exploração de 49 anos, é capaz de produzir.
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“Em um passado recente, Tucuruí e outros projetos minerais trouxeram desenvolvimento, mas também miséria e exclusão social.
Podemos evitar, ou pelo menos reduzir sensivelmente os impactos sociais e ambientais se houver discussão com a empresa e uma pauta de compensações a ser cumprida”, argumenta o engenheiro Fernando Luís Oliveira.
Ele trabalhou em Tucuruí, na construção da hidrelétrica, e diz que o filme que passa em sua mente em São Félix “é velho e de final não muito feliz” para a população e principalmente os trabalhadores de mão de obra não qualificada.
Os que têm curso superior e alguma especialização profissional- observa Oliveira- terão de brigar muito para conseguir uma vaga.
Os formados pelas universidades paraenses, resume, teriam desvantagem em relação aos de outros estados mais desenvolvidos e precisariam lutar “contra a discriminação”.
A Anglo American ainda não encara desafios nem questionamentos mais diretos. No momento, a empresa mantém suspenso o estudo de viabilidade econômica do projeto e não tem prazo para sua retomada.
É provável que isso ocorra no final do primeiro semestre de 2010, de acordo com informações da própria multinacional. Mais de 100 pessoas, incluindo técnicos e apoio, participaram dos estudos.
Entre abril e maio do próximo ano, a empresa pretende começar a produção de níquel da mina de Barro Alto, em Goiás, onde investe U$$ 1,5 bilhão e concentra suas prioridades.
Fonte: Diário do Pará