ALEXANDRE BRUST E RAFAEL AVENA – PRESIDENTE E DIRETOR T??CNICO DA CBPM

Bahia Econômica: A Bahia vem se destacando no cenário mineral do Brasil e já há quem diga que vai se tornar a 3ª maior província mineral do país. Essa afirmação procede? Que números dão sustentação a essa afirmação?
Rafael Avena: A Bahia atualmente é o quinto maior produtor mineral do Brasil. Nos próximos dois anos, com a entrada em produção da maior mina de Níquel descoberta nos últimos dez anos na América Latina, em Itagibá, em áreas arrendadas pela CBPM, à Mirabela e com a entrada em produção, a partir de 2013, da mina de Ouro de Santa Luz e da mina de maior teor do mundo de Vanádio em Maracás, ambas em direitos minerários da CBPM, além das recentes descobertas de outras jazidas por parte da iniciativa privada, nosso Estado se tornará o quarto estado produtor brasileiro. Para superar, no entanto, Minas, Pará e Goiás, a Bahia ainda tem um longo caminho a percorrer.
Qual a participação do setor mineral na formação do PIB baiano?
R.A: A mineração baiana gera o equivalente de 2,7% do PIB estadual, o que representa mais de R$2,5 bilhões. Apenas a extração de petróleo e gás natural respondem por 55% do valor e o restante é gerado por uma pauta de mais de 35 bens minerais. Somos o maior produtor de Urânio, Barita, Cromo, Magnesita, Talco e Salgema, o segundo em Níquel e Bentonita e o terceiro em Cobre, com mais de 350 empresas em atividades no Estado. Com a entrada das futuras minas de ferro, bauxita e outros bens minerais e com os investimentos contínuos em Cromo pela Ferbasa e Cobre pela Caraíba, a Bahia, sem dúvida, se consolidará entre os principais produtores minerais do Brasil
B.E: Comenta-se muito que a Bahia caminha para ser um dos grande produtores de ferro e níquel? Qual a magnitude desses projetos?
R.A: Sem dúvida seremos um dos maiores produtores do Brasil e do mundo. Atualmente já somos o segundo em níquel e dentro de poucos anos seremos uns dos principais produtores de ferro. A produção de Níquel da Mirabela é uma grande realidade brasileira. Nessa mina foram investidos mais de 800 milhões de dólares, definida uma reserva de cerca de 160 milhões de toneladas de níquel, prevendo-se uma vida útil de mais de 20 anos de produção. São mais de 850 empregos diretos e 750 indiretos, a maioria de Itagibá e Ipiaú e uma aumento substancial na arrecadação desses municípios.
Em relação ao ferro a magnitude prevista pela Bamin e por outras empresas que estão pesquisando ferro na Bahia, inclusive em áreas da CBPM em Remanso e Pilão Arcado, é de um valor bastante elevado, o que fará com que a Bahia mude de patamar econômico nos próximos dez anos.
B.E: Que outros projetos podem ser destacados como de importância para o Estado?
R.A: São vários. Podemos afirmar, sem medo de errar, que a Bahia é hoje a Meca da mineração brasileira. Além do excelente trabalho que o Governo Wagner vem executando através da CBPM no setor mineral baiano, com atração de investimentos e parcerias com a iniciativa privada, o que fez com que a CBPM realizasse mais de 50 licitações de blocos de áreas da exploração mineral nos últimos cinco anos, as empresas privadas redescobriram o nosso Estado em termos minerais. São inúmeros os projetos em andamentos, como os de ferro, ouro, vanádio, bauxita, bentonita, fosfato, zinco, como também inúmeros projetos de pesquisas minerais, que visam outras substâncias importantes, como por exemplo as Terras Raras, como é o caso do Tálio do Oeste do Estado.

B.E: A Ferrovia Oeste-Leste vai se caracterizar como um corredor ferroviário de minérios? Novos projetos estão surgindo por conta da ferrovia?
R.A: Essa ferrovia é fundamental para a mineração baiana. A Bahia teve um atraso muito grande em seu desenvolvimento mineral por duas coisas importantes: a primeira a visão empresarial que faltava aos governos anteriores em desenvolver a mineração baiana como um grande negócio e a segunda, que ainda persiste, a falta de uma infraestrutura logística necessária, principalmente de transporte (ferrovias e portos). A FIOL está abrindo essa nova perspectiva de crescimento, mas também um novo horizonte em termos de pesquisas mineral, pois novos depósitos estão sendo estudados no entorno dessa grande obra. Os grandes projetos de ferro, que necessitam de um escoamento e uma logística muito boa, estão surgindo por causa dessa ferrovia e também, no norte do Estado, por causa da Transnordestina.
B.E: Alguns analistas afirmam que a atividade de mineração é uma espécie de enclave, especialmente se voltada para a exportação? Há possibilidade de beneficiamento da produção mineral na Bahia.
R.A: Claro e a CBPM já tem mantido diversos contatos nesse sentido. Se o Estado tiver uma estrutura de escoamento mineral adequada, tiver meios de transporte e principalmente energia, sem duvida o empresário vai querer beneficiar seu produto aqui mesmo. Algumas dessas grandes empresas que vão produzir o ferro na Bahia já estão pensando em montar siderurgias no Estado e a Mirabela também já vem mantendo contatos com a Votorantim nesse sentido, já que essa empresa compra 50% da produção da Mina de Itagibá. O mesmo ocorre com nossa Rocha Ornamental, que é quase toda beneficiada e exportada por Vitória do Espírito Santo, devido a nossas dificuldades em termos de Porto e de transporte. Em Belmonte, por exemplo, onde a CBPM tem áreas com matéria-prima de primeira qualidade para produção de vidros planos e especiais, a CBPM já definiu que só licitará as áreas para empresários que queiram montar uma unidade de produção na região.
B.E: Que efeito positivos em termos econômicos e sociais terão os projetos minerais para os municípios onde se situam?
R.A: Todos os possíveis. Desde o aumento da arrecadação, pois 65% da CFEM (Contribuição Financeira Pela Exploração Mineral) vão para os municípios produtores, até pelo aumento do comércio, do nível d empregos, etc. O caso de Itagibá é sintomático, com um crescimento significativo em apenas um ano de produção do Níquel, mas também de Ipiaú, município vizinho que há cerca de 5 anos vem se beneficiando através do movimento econômico que a mineração trouxe para a região.
B.E: Como está a situação econômico-financeira da CBPM? Ela tem investido em prospecção?
R.A: A É o melhor de todos os seus 40 anos de existência. Com a entrada em produção do Níquel de Itagibá, que por contrato a Mirabela é obrigada a pagar 2,51% da produção bruta do níquel em Royalties para a empresa, a CBPM tem hoje um poder de investimento bastante alto e vem aplicando com bastante seriedade na pesquisa mineral. São inúmeros novos projetos iniciados e um portfólio de mais de mil direitos minerários, que fazem com que a empresa tenha um acervo mineral dos mais importantes do Brasil. Em 2013 teremos o Estado totalmente coberto por Levantamento Aerogeofísicos e a partir de 2014 a empresa será totalmente autossuficiente do Estado, com os royalties do Ouro de Santa Luz e do Vanádio de Maracás
B.E: Os recursos de royalttes que o estado recebe e encaminha para a empresa tem sido destinado a investimentos?
R.A: Unicamente para pesquisa e investimento. A parte que é destinada à CBPM é utilizada na continuidade do conhecimento geológico do Estado, na pesquisa de novos ambientes mineralizados, na avaliação dos depósitos descobertos e de seus direitos minerários, que após definição são licitados para exploração pela iniciativa privada e no que diz respeito à inclusão social de base mineral (PRISMA), que dá apoio ás áreas de artesanato mineral e exploração comunitária de pequeno porte às regiões carentes do Estado.
B.E: Como pedetista histórico, o senhor acha que o governo Wagner vem correspondendo às expectativas do ideário trabalhista?
Alexandre Brust: Sim. O PDT para ingressar na base do Governo do Presidente Lula fez duas exigências: a primeira que fosse assegurada todas as conquistas dos trabalhadores e a segunda de que se mantivesse intocável a Previdência Social. Por extenção, nesse sentido, o eminente Governador Wagner tem correspondido às expectativas do nosso partido.
B.E. O PDT vai ter candidatos próprios para a prefeitura das principais cidades do Estado, ou vai se aliar com o PT?
A.B: O O PDT em convenção nacional decidiu que teríamos candidatos em todos os municípios com eleições em dois turnos, bem como envidar todos os esforços para ter candidaturas próprias no maior número de municípios possíveis, o que não impede, onde não for possível, a aliança com partidos da base.
B.E: O Senhor acredita na união das oposições no primeiro turno das eleições municipais em Salvador?
A.B: Não. Creio mais na afirmação do ex-governador ACM que dizia que “A oposição só se unia em velório”.
B.E: O PDT apoia a candidatura de Nelson Pelegrino?
A.B: Não no primeiro turno, por enquanto o PDT definiu-se pela pré-candidatura do Deputado Federal Márcio Medrado à Prefeitura de Salvador.
Fonte: Bahia Econômica