A corrida pelo ouro dos novos tempos
No ano passado, a demanda por neodímio superou a oferta em 3,3 mil toneladas, de acordo com a agência de notícias Reuters. O mercado de ímãs feitos com esse metal para motores é estimado em mais de US$ 11 bilhões. O principal fornecedor é a China, responsável por cerca de 90% da extração. Há temores de que o gigante asiático possa restringir a exportação do Nd, como já fez em 2010, levando o preço do quilo do minério a atingir US$ 500 atualmente, está em US$ 70.
Soma-se a isso o problema ambiental. Os metais de terras raras são minerados por meio de um processo complexo, com uso intenso de produtos químicos. Há, inclusive, o risco de gerar material radioativo em decorrência da extração. A própria China demonstra preocupações nesse sentido e reduziu o ritmo de produção, o que chegou a elevar a cotação do Nd para US$ 96, em setembro de 2017. A utilização desse metal é uma contradição do carro elétrico: se, por um lado, ele diminui a emissão de CO², por outro, depende de operações de mineração altamente impactantes ao meio ambiente.
O Brasil é dono da segunda maior reserva de minérios de terras raras do mundo, com 22 milhões de toneladas, mas não explora o produto. Isso pode mudar. Em maio do ano passado, a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) e o governo do Estado lançaram um projeto para implantação de um laboratório-fábrica de imãs de terras raras no País, em Lagoa Santa, na Grande Belo Horizonte. A matéria-prima viria da CBMM, empresa da família Moreira Salles que explora o nióbio, metal bastante utilizado na indústria de tecnologia, na região de Araxá (MG). Procurada, a companhia afirmou que não prevê investimentos na área de terras raras, neste momento.