Quem lembra da Abemin?
Autor: Francisco Alves
Houve um dia em que os sistemas estaduais de mineração eram fortes e desempenhavam um importante papel impulsionador do desenvolvimento do setor mineral em vários estados. Eram exemplos dignos de nota os casos da Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Ceará, Mato Grosso, Paraíba, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo.
Nessa época, congregadas na Abemin (Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Mineração), as empresas e organismos estaduais de mineração desenvolviam políticas para o setor e ações de fomento, seja investindo em trabalhos de levantamentos geológicos básicos para ampliação do conhecimento do subsolo em seus territórios ou mesmo realizando atividades de pesquisa mineral, que resultavam na descoberta de jazidas que depois eram transferidas para a iniciativa privada, gerando novos empreendimentos minerais que carreavam para os estados investimentos e contribuíam para a geração de empregos e maior desenvolvimento socioeconômico.
Houve programas importantes conduzidos pelas empresas ou entidades, dos quais vale a pena ressaltar os levantamentos aerogeofísicos em estados como Bahia, Minas Gerais e Goiás, a maioria em parceria com a CPRM, que ampliaram consideravelmente o conhecimento dos ambientes geológicos nesses territórios.
Também surgiram, ao longo das últimas três décadas, diversos empreendimentos para explotação de jazidas descobertas ou delimitadas por essas entidades, com alguns bilhões de reais em investimentos, que possibilitaram a ampliação da produção mineral, seja para suprimento do mercado doméstico ou para exportação.
O estado da Bahia, através da CBPM, é provavelmente o caso de maior sucesso. Graças aos investimentos realizados em pesquisa geológica básica, a Bahia é atualmente o estado com maior nível de conhecimento em termos de mapeamento geológico. A quase totalidade do território baiano está coberta com levantamentos aerogeofísicos. Além disso, as jazidas que foram licitadas pela empresa, ao longo das últimas décadas, proporcionaram investimentos da ordem de R$ 1,4 bilhão em novos empreendimentos. Talvez seja por isso que, apesar da crise atual que vive o setor, a mineração na Bahia está crescendo e com novos investimentos sendo realizados.
Outro aspecto a salientar é que, em nenhum momento, essas companhias ou entidades chegaram a fazer competição com a iniciativa privada. Pelo contrário, elas assumiram as tarefas de maior risco no trabalho de geração de jazidas, sendo ressarcidas apenas quando os empreendimentos começavam a gerar receitas.
Porém, o sistema estadual de mineração hoje praticamente inexiste. Desapareceram entidades como Mineropar (Paraná), Ceminas (Ceará), Prominério (São Paulo), Metago (Goiás), Pará Minérios (Pará), Metamig (de Minas Gerais, que foi sucedida pela Codemig), Metamat (Mato Grosso), EDRN (Alagoas), Copenat (Maranhão), Codesul ( Mato Grosso do Sul), CDM (Paraíba), CMR (Rondônia), Minérios de Pernambuco, Comdepi (Piauí), CDM-RN (Rio Grande do Norte), Codesaima (Roraima) e Codisc (Santa Catarina). A Abemin, outrora um órgão atuante, com atividades regulares, hoje é apenas um nome, abrigado sob o guarda chuva do DRM (Rio de Janeiro).
O que é uma pena, porque se alguém for analisar com detalhe a atuação dessas companhias e entidades verá que elas de fato deram uma grande contribuição para o desenvolvimento da mineração brasileira.