Em debate na SDE, especialistas divergem sobre crise no Brasil

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Para o ex-secretário de Planejamento da Bahia e ex-presidente da Petrobras, o economista José Sérgio Gabrielli, a crise econômica brasileira terá reflexos muito duros para os brasileiros em 2016 e 2017; a redução do ritmo de crescimento da China vai ser desastroso. "O fato de termos acumulado um saldo de mais de US$ 370 bilhões em reservas cambiais causou danos muitos graves à nossa economia por causa do aumento da dívida pública", disse.  

Já para o ex-secretário de Planejamento da Bahia, o economista Armando Avena, a crise não existe para as grandes empresas – apenas um processo de hibernação dos investimentos. "O fato da China comprar menos commodities pode significar o fortalecimento da nossa indústria e as reservas cambiais de mais de US 370 bilhões nos dão proteção garantida contra a crise", afirmou.  

Essas visões diferentes do momento econômico internacional, brasileiro e da Bahia foram confrontadas nesta quinta-feira (01.10.2015) no debate ‘Conversa com Especialistas’, evento realizado pela pasta de Desenvolvimento Econômico (SDE) integrando o processo de planejamento estratégico da secretaria, denominado “SDE em Construção”. 

Além de Gabrielli e Avena, participaram das discussões os secretários de Desenvolvimento Econômico, Jorge Hereda, e da Casa Civil, Bruno Dauster, além do superintendente de Desenvolvimento Industrial da Fieb, Marcos Vehine, do diretor da SEI, Gustavo Pessoti, do diretor de Operações da Desenbahia, Paulo Costa, e do coordenador do IBGE na Bahia, Joilson Souza.

“Os especialistas, com o seu conhecimento e experiência, irão nos ajudar no processo de reestruturação da SDE. Temos que trabalhar de acordo com o planejamento, sem setores estanques. Precisamos fazer escolhas certas na promoção do desenvolvimento do estado, utilizando melhor os parcos recursos do Estado”, destacou o secretário Hereda.

Para Gabrielli, fatores externos (queda dos investimentos chineses) e internos (momento atual da política brasileira) têm contribuído para o quadro. “As dificuldades aumentaram no final do ano passado e se agravaram este ano por conta de questões fiscais. Acredito que esse cenário ainda perdure por mais dois anos”, disse. Para ele, no caso baiano, a aposta imediata para sair da crise é apostar fortemente no comércio e nos serviços, na chamada economia criativa, no agronegócio e no turismo. 

De acordo com Armando Avena, a crise vem apontando que o Brasil deve buscar alternativas de desenvolvimento para que a sua economia não fique dependente apenas da exportação de commodities para a China, dando ênfase ao fortalecimento de nossa industrialização. “Temos que tirar lições do atual momento, já passamos por outros parecidos. Em tempos de crise é que se retoma o planejamento”, afirmou. 

Ele acredita que a Bahia poderá voltar a tomar o rumo do crescimento caso desenvolva ações que privilegiem Salvador e a sua Região Metropolitana (RMS), além das cidades de médio porte, que funcionariam como polos de desenvolvimento. “Precisamos repensar Salvador. Precisamos criar polos de desenvolvimento no interior e precisamos de uma política global que integre a Bahia aos demais setores de desenvolvimento do país. Por isso, meu apoio incondicional à Ferrovia Oeste-Leste e ao Porto Sul”, aposta Avena.

O secretário da Casa Civil, Bruno Dauster, destacou que o pacote de obras estruturantes do governo estadual, desenvolvidos em parceria com a iniciativa privada – por meio de PPPs ou de concessões – seja o caminho mais indicado para a retomada do desenvolvimento. “Estamos trabalhando em obras estruturantes como a Ferrovia Oeste-Leste, o Porto Sul, e o Metrô de Salvador-Lauro de Freitas. São investimentos importantes que vão ajudar a retomar mais rapidamente o rumo do desenvolvimento”, disse Dauster.

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