Minério de ferro pode ficar abaixo de US$ 40, diz banco alemão

O Deutsche Bank afirmou que o preço de referência do minério de ferro pode cair para menos de US$ 40 a tonelada. Os preços precisam ficar na faixa de US$ 40 a US$ 45 por um longo período para forçar a redução da oferta, disse o banco em boletim divulgado dia  31 de março.

A demanda global por minério de ferro neste ano pode contrair pela primeira vez desde 2009, de acordo com o Deutsche Bank. O banco disse que os custos das mineradoras foram caindo à medida que os preços da energia baixaram. De acordo com o relatório, o custo unitário de produção do minério pode cair até 25% este ano.

As mineradoras cortaram custos com a revisão de contratos de serviços e suprimentos, e também aprimorando o planejamento de lavra, diz o banco. Esse movimento de redução de custos foi auxiliado pelo enfraquecimento de moedas locais, como o real e o dólar australiano, e pela redução do preço do petróleo, fatores que tendem a ajudar mais os produtores com custos mais elevados e que tem menores despesas de frete para exportação, diz o banco.

As previsões de 2015 foram cortadas em 25% para o preço médio de US$ 51 a tonelada e, em alguns momentos ficará abaixo de US$ 40, afirmou o banco em um relatório trimestral. O banco reduziu sua previsão, para 2016, em 16% para US$ 60 a tonelada e, para o ano seguinte, a estimativa encolheu 13% para US$ 68 a tonelada.

De acordo com o Metal Bulletin, o minério com teor de 62% Fe, entregue no porto de Qingdao, China, foi negociado hoje a US$ 51,35 por tonelada base seca, representando uma queda de 26% desde o início do ano. Este é o menor valor desde 2004 e 2005, segundo dados do Metal Bulletin e a compilação anual de benchmarks feita pela Clarkson Plc, maior agência de navegação do mundo.

O minério de ferro caminha para a maior perda trimestral desde 2009 na medida em que a abundância de oferta de minério de baixo custo da Austrália e do Brasil inundam o mercado transoceânico e o crescimento da China desacelera.

A commodity recuará pelo quinto trimestre, depois da Rio Tinto Group e BHP Billiton aumentarem a oferta, apostando em volumes crescentes para compensar os preços mais baixos e forçar os mineradores de custo mais alto a fecharem. Dados mostram que a China vai desacelerar ainda mais, devido ao menor crescimento do país em 25 anos.

O diretor da Iron Ore Research em Perth, Austrália, Philip Kirchlechner, afirmou que as grandes mineradoras têm um comportamento de autodestruição. “Há um pouco de um comportamento de autodestruição pelas grandes mineradoras. Eles estão superproduzindo em uma época de desaceleração da demanda. E é difícil de entender esse tipo de comportamento.”, afirmou.

Mesmo com o mercado em baixa, a Rio Tinto planeja aumentar suas exportações para 330 milhões de toneladas em 2015, contra 295 milhões em 2014. Enquanto isso, a BHP espera aumentar suas exportações para 225 milhões de toneladas neste ano. Em 2014, a empresa exportou 204 milhões de toneladas. No caso da Vale, a expectativa de produção é de 340 milhões de toneladas de minério de ferro.

O UBS Group afirmou neste mês que a oferta do mercado transoceânico de minério de ferro vai exceder a demanda em 2018 em 215 milhões de toneladas. Para o grupo Goldman Sachs, os excedentes do mercado transoceânico vão girar em torno de 47 milhões de toneladas neste ano, contra três milhões do ano passado. De acordo com o grupo, em 2018, o superavit será de 260 milhões de toneladas.

Fonte: Bloomberg (via Notícias de Mineração)

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