Flexibilização do monopólio do urânio
Por: Ernesto Mandarino
Como detentor da sétima maior reserva de urânio do mundo, o Brasil não explora este potencial, enquanto países como Canadá, Austrália, Nigéria, Cazaquistão, Rússia e Namíbia respondem por 85% da produção global. Ao observar as reservas da Namíbia, Nigéria e do Brasil, ver-se-á que cada país possui cerca de 5% das reservas mundiais. Por que os países africanos respondem respectivamente por 8% e 7,7% da produção global e o Brasil apenas 0,4%? A razão é o monopólio sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio desse mineral detido pela União.
A esperança para a exploração privada surge com a Proposta de Emenda à Constituição nº 76 de 2013, que seria a mola propulsora deste setor. O foco brasileiro é o consumo doméstico. Estima-se que nossas reservas seriam capazes de abastecer as duas usinas nucleares em operação e a outra ainda em construção por aproximadamente 800 anos. Parte dessas reservas poderia ser destinada à exportação, já que, em comparação com os dois países africanos, o Brasil deixa de exportar anualmente cerca de US$ 300 milhões dessa commodity.
Os EUA importam 90% do urânio necessário, dos quais 20% são do Canadá, 19% da Rússia, 18% do Cazaquistão, 11% da Namíbia, 11% da Austrália, 9% produção própria e o restante de países como Uzbequistão, Nigéria e África do Sul. A energia nuclear corresponde a 20% da matriz energética americana, consumindo 25 mil toneladas de urânio por ano. E o Brasil poderia ser uma destas fontes.
A demanda por urânio vem crescendo e a produção atual corresponde a apenas 86% da demanda global. A expectativa é que esse mercado cresça 70% nas próximas duas décadas. Será que daqui a 100 anos existirá uma demanda crescente para a energia nuclear ou outras fontes alternativas terão ocupado uma fatia maior na geração? Esperamos que o Congresso perceba o potencial brasileiro e que a flexibilização ocorra o quanto antes, para que o Brasil possa disputar com outros países uma fatia do comércio global.