Primeiro leilão terá áreas de cobre, níquel e fosfato

Reservas de cobre e de níquel em Goiás, de fosfato em Pernambuco e na Paraíba e de diamante na Bahia estão na  lista das primeiras  jazidas minerais com grande potencial que devem ser leiloadas pelo governo dentro do novo modelo de concessões anunciado durante o lançamento do marco regulatório pela presidente Dilma Rousseff.

As áreas    têm potencial  identificado e mapeado pela Companhia de Pesquisa de Recursos  Minerais  (CPRM),  autarquia  que  está  sendo  turbinada  com  a  reforma  do  código de mineração.  -São  áreas  com  depósitos minerais muito  bem  caracterizados –  disse  ao  Valor  Econômico o presidente do órgão, Manoel Barretto, que  terá a missão de abastecer o governo com informações sobre blocos de minas com potencial para exploração. Segundo ele, essas áreas oferecem – risco zero – ao  setor  privado  e  – não  existem  dúvidas – sobre  sua  viabilidade  comercial.  Algumas  delas    têm reservas medidas e aprovadas.

A  CPRM  tem  conhecimento  geológico  sobre  essas  jazidas  desde  os  anos  80  e  o  governo chegou a estudar  como  licitá-las na década passada, disse Barretto. Uma comissão de  técnicos  foi formada para discutir o assunto, mas os trabalhos  foram  interrompidos entre 2008 e 2009, quando ficou claro que o código de mineração seria modificado.

No novo modelo, que foi enviado ao Congresso por projeto de  lei em regime de urgência, o governo propõe que áreas com minerais estratégicos sejam licitadas à iniciativa privada. O Ministério de  Minas e Energia  havia  divulgado  que  existem  aproximadamente duas mil áreas com disponibilidade imediata para licitação, mas  referia-se basicamente a sobras do Departamento Nacional de Produção  Mineral (DNPM). São pedaços de terra devolvidos à autarquia pelas mineradoras por  falta de  viabilidade  comercial ou com planos de exploração rejeitados. Por  isso, dificilmente serão vistas como estrelas em futuros leilões.

As áreas quentes vão ser mapeadas pela CPRM, mas a estatal já tem um estoque pronto. Barretto destacou o potencial de jazidas de caulim nas  imediações do rio Capim  (PA), de  fosfato na região de Miriri  (PE e PB), de  cobre em Bom  Jardim  (GO) e de níquel em Santa Fé e em Morro de Engenho  (GO). A carteira  também  inclui áreas de ouro em Natividade  (TO), de diamante em Santo Inácio  (BA),  de  carvão  no Rio Grande  do  Sul e  em  Santa  Catarina  e de  zinco, chumbo e  cobre  em Palmeirópolis (TO).

Barretto disse que pelo  menos cinco dessas áreas poderão ser licitadas em  2014. Uma questão, no entanto, ainda está  indefinida e lhe causa dúvidas: quem  fará o leilão das jazidas. Isso porque a CPRM, além de ter pesquisado essas áreas, registrou seus direitos minerários. A estatal não sabe  se  poderá  licitá-los  diretamente, ou se terá que cedê-los à nova agência reguladora da mineração  responsável, conforme o projeto de lei do governo, pelos futuros leilões do setor.

Quem vencer a disputa terá um contrato de concessão válido por 40 anos, com a possibilidade de  prorrogá-lo por 20 anos, em períodos sucessivos. Barretto  afirmou que as mineradoras ainda terão atividades de pesquisa para  desenvolver.  – Os trabalhos que fizemos são dos anos 80. Hoje existe mais tecnologia e pode-se aumentar as reservas. Mas o risco é zero – frisou o executivo.

À frente de um órgão que desempenhará função estratégica no novo marco  regulatório da mineração, Barretto reconheceu a necessidade de reforço no caixa da CPRM, mas disse ter recebido do governo a garantia de que não  faltarão  recursos. O orçamento deste ano é de R$ 460 milhões, sem contar as despesas com pessoal. Ele destacou que um concurso já em andamento vai fortalecer a equipe, com a contratação de 355 servidores, dos quais mais de 200 são geólogos e lidarão com a atividade-fim da estatal.  

Uma das prioridades da CPRM é concluir, no ano que vem, um projeto  iniciado em 2004: o levantamento aerogeofísico de quatro milhões de quilômetros  quadrados do território brasileiro formado por rochas cristalinas. Esse trabalho permite identificar indícios de jazidas minerais. – Isso é a base de toda a prospecção que se possa fazer – disse.

Nos últimos dez anos pequenos aviões fizeram o levantamento, a baixa altitude, percorrendo todo esse território em faixas de 500 metros. Minas Gerais e Bahia, por exemplo, já foram totalmente mapeados. As informações são colocadas à  venda  pela  própria  CPRM. Mineradoras  adquirem  os dados para decidir se vale a pena investir em mais pesquisas. De cada R$ 10 gastos no levantamento aerogeofísico,  segundo  o executivo,  a  CPRM  recupera    R$  1.  – Não  temos  nenhuma  função arrecadatória – explicou Barretto.

O projeto de lei do governo chegou na semana passada ao Congresso Nacional. O texto tem 59 artigos. A partir do dia 18 de junho a Câmara dos Deputados terá 45 dias para aprova-lo e outros 45 dias no Senado, antes de trancar a pauta de votações.

Fonte: Valor Econômico

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