O novo eldorado da mineração
O executivo Paulo Castellari, presidente da Anglo American, tem R$ 5,8 bilhões para construir no País o maior mineroduto do mundo. Saiba como esse investimento acirra a corrida dos grandes grupos internacionais da indústria do minério de ferro.
Avenida das Américas, Barra da Tijuca, zona sul do Rio de Janeiro. Entre os cariocas, o endereço é tão conhecido quanto a praia de Copacabana, o Pão de Açúcar, o Maracanã ou o Corcovado. Muito em breve, o local pode também se tornar o centro de operações da maior transformação da história do setor mineral brasileiro.
É lá, no número 3.443, sede da mineradora britânica Anglo American no Brasil, que o presidente da divisão de minério de ferro da companhia, o ítalo-brasileiro Paulo Castellari-Porchia, comanda o projeto Minas-Rio, o maior investimento da empresa no mundo, com orçamento de R$ 5,8 bilhões até o segundo semestre de 2013.
Os planos de Castellari não apenas impulsionarão os negócios da Anglo American, como forçarão suas principais rivais a rever suas operações no País.
Por uma simples razão. Está em curso uma autêntica corrida do ouro na mineração brasileira, disputada também por empresas como a Vale, comandada por Murilo Ferreira, a MMX, do bilionário Eike Batista, a CSN, do empresário Benjamin Steinbruch, e uma legião de mineradoras estrangeiras. A Anglo American promete dar trabalho aos concorrentes.
Teremos o melhor minério de ferro, com o melhor preço? diz Castellari. A corrida determinará quem é quem na mineração mundial nos próximos anos, e promete ser acirrada. Está em jogo um mercado gigantesco.
Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o setor receberá investimentos de US$ 68,5 bilhões nos próximos cinco anos a maior cifra já vista na história da mineração no País.
Atualmente, o setor representa 5% do PIB nacional, responde por 30% da balança comercial brasileira e fatura aproximadamente US$ 50 bilhões ao ano. E tudo que envolve a mineração brasileira é superlativa. A MMX tem R$ 5 bilhões para investir em exploração de minérios em Serra Azul, região produtora de ferro em Minas Gerais, e outros R$ 2,5 bilhões na construção do Porto Sudeste, em Itaguaí, no litoral fluminense.
Já a CSN, que fatura mais com mineração do que com siderurgia, sua atividade principal, prevê investimentos de R$ 11 bilhões para os próximos cinco anos.
Na semana passada, a Cabral Mineração, uma subsidiária da empresa australiana Cabral Resources, anunciou que vai desembolsar US$ 2,2 bilhões para a construção de uma unidade em Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, para produzir concentrado de ferro com capacidade de 15 milhões detoneladas ao ano.
No caso da Anglo American um grupo que no ano passado faturou US$ 13,3 bilhões em todo o mundo, um aumento de 23% em comparação a 2010, está sendo planejado um ataque certeiro na disputa pelo mercado de minério de ferro, sob a batuta de Castellari.
Um faraônico mineroduto de 524 quilômetros cruzará 32 municípios da região Sudeste e ligará o município de Conceição do Mato Dentro, no norte de Minas Gerais, ao Porto do Açu, em São João da Barra, no terminal logístico deEike Batista, em construção no Rio de Janeiro.
Por seus dutos passarão, logo no primeiro ano, 26,5 milhões de toneladas de polpa de minério uma lama acinzentada que, depois de uma viagem de quase três dias, será filtrada e ficará pronta para se transformar em metal.
Fonte: Istoé Dinheiro