Sem acordo p/ o minério, siderúrgicas chinesas buscam solução própria

Com o mês prestes a terminar sem um acordo com as três grandes mineradoras globais, as siderúrgicas chinesas provavelmente estão se esforçando para fechar contratos próprios e individuais de preço e fornecimento de minério, afirmam analistas.

Sem isso, as empresas chinesas correm o risco de ter de comprar minério de ferro no mercado à vista, onde as cotações já superam os preços oferecidos para as siderúrgicas coreanas e japonesas para o ano fiscal até 31 de março de 2010.

De acordo com a consultoria de metais sediada em Pequim Umetal, o preço do minério à vista na China atingiu US$ 92 por tonelada nesta semana, bem acima dos US$ 75 a US$ 76 por tonelada acordados entre as mineradoras e as siderúrgicas japonesas e coreanas.

Dados da Metal Bulletin mostram que o preço médio em vários portos chineses era de US$ 81,50 por tonelada em 26 de junho, último dia para o qual há informação disponível.

“Isso expõe totalmente as siderúrgicas chinesas ao risco de volatilidade no mercado à vista no futuro”, disse a analista de aço Judy Zhu, do Standard Chartered.

Trinta de junho não é um prazo final formal para as negociações, mas marca o encerramento do período de três meses de carência a partir do início do ano fiscal, em 1º de abril.

Por isso, é o dia em que pelo menos alguns contratos de fornecimento devem vencer, o que obrigaria compradores e vendedores a transacionarem no mercado à vista a partir de amanhã.

O porta-voz da Rio Tinto, Gervase Green, recusou-se a discutir detalhes dos contratos da mineradora com as siderúrgicas chinesas, mas disse que uma opção para a China é comprar o minério à vista, em vez de lançar mão de contratos de longo prazo.

“Fomos durante um longo tempo defensores do sistema de referência (benchmark), mas se, em vez disso, os clientes optarem por comprar no mercado à vista, eles poderão fazê-lo; a bola está com eles”, disse ele.

As siderúrgicas chinesas, lideradas pela Associação de Ferro e Aço da China (Cisa, na sigla em inglês), têm exigido cortes de pelo menos 40% dos preços do minério nas negociações deste ano.

Mas muitas siderúrgicas já começaram a trabalhar em acordos com as mineradoras seguindo as cotações fechadas com japoneses e coreanos, de corte de 33% do preço do minério fino, dizem analistas.

O minério fino é o mais comprado pelas siderúrgicas chinesas. O sistema de referência (benchmark) vale de 1º de abril a 31 de março do ano seguinte, o ano financeiro japonês.

Caso as negociações não sejam fechadas antes de 1º de abril, como costuma ocorrer, as mineradores continuam fornecendo o minério em caráter provisório; depois, quando um preço de referência é atingido, são feitos ajustes de pagamentos.

Green, da Rio Tinto, disse que a companhia continuará entregando o minério para seus clientes, podendo fazê-lo por meio de diversas maneiras diferentes.

A BHP Billiton recusou-se a comentar o status das negociações, enquanto representantes da Vale não foram encontrados para falar do assunto.

A imprensa chinesa informou em meados deste mês que algumas siderúrgicas da província de Shanxi já assinaram seus próprios contratos com as mineradoras.

Mas a Cisa proibiu seus membros, a maior parte deles grandes siderúrgicas controladas pelo governo, de fecharem acordos diretamente com as mineradoras.

“Minha sensação é que as siderúrgicas terão de encontrar seus próprios acordos caso não haja contratos de longo prazo este ano”, disse o analista Ma Haitian, da consultoria de siderurgia estatal Antaike. “A Cisa pode ter de relaxar essa regra.”

Fonte: Agência Estado

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