Minério de ferro deve liderar os aportes

O setor de extração de minério de ferro deverá concentrar quase 64% de todo o investimento que a indústria de mineração planeja realizar entre 2010 e 2014, segundo levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram).

Proporcionalmente, o valor a ser investido supera a injeção esperada para o setor de siderurgia, que deverá aportar até 2016 perto de US$ 39,8 bilhões em novas usinas e na expansão do parque instalado, sugerindo a perspectiva de uma preferência dos investidores pelo setor extrativo.

"O mercado de minério de ferro continua aquecido e a expectativa é de que o mundo continue a conviver com um déficit na oferta do mineral durante os próximos três anos", avalia o gerente de dados econômicos do Ibram, Antônio Lannes. Num trabalho recente, cita Lannes, o Crédit Suisse estimou esse déficit na faixa de 90 milhões de t/ano, o que corresponde a quase um quarto da produção brasileira prevista para este ano.

A carteira de investimentos na produção de minério de ferro deverá somar US$ 39,3 bilhões entre este ano e 2014, num avanço de 24,3% em relação aos US$ 31,5 bilhões projetados para o período entre 2009 a 2013. Para Lannes, esse dado "demonstra que as empresas acreditam que o mercado vai prosseguir em crescimento, puxado pela demanda da China, que no ano passado respondeu por 56,4% das exportações brasileiras de minério de ferro."

A produção brasileira subiria de 370 milhões de toneladas neste ano para 720 milhões em 2014, com investimentos concentrados em Minas e no Pará. Atingido pela crise, o setor produziu, em 2009, 310 milhões de toneladas.

O país deverá despachar para o exterior, neste ano, cerca de 300 milhões de toneladas (mais de 80% de sua produção), frente a 266 milhões de toneladas em 2009. Em valores, as exportações renderão uma receita superior a US$ 20 bilhões, prevê Lannes, crescendo mais de 50% sobre os US$ 13,2 bilhões exportados no ano passado.

A indústria do aço, a despeito da retomada do consumo doméstico e de novas perspectivas para o mercado global, enfrenta outro tipo de desafio, segundo o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABr), Marco Pólo de Mello Lopes.

O real valorizado, a guerra fiscal, que se traduz na concessão de benefícios fiscais a importações em pelo menos 13 Estados, e a oferta excedente de aço no mundo, estimada em 500 milhões de toneladas (mais de 40% da produção), têm causado crescimento histórico das importações de produtos siderúrgicos, com destaque para aços planos.

Até setembro, dado mais recente do IABr, o Brasil importou 4,3 milhões de toneladas de aço, num aumento de 160% em relação aos mesmos nove meses de 2009. Em valor, as importações cresceram um pouco menos, saindo de US$ 2 bilhões entre janeiro e setembro do ano passado para US$ 3,9 bilhões – 91,8% a mais.

Como as exportações avançaram apenas 10,6% no período, de US$ 3,4 bilhões para US$ 3,7 bilhões, a balança comercial da siderurgia entrou no vermelho, deixando um superávit de US$ 1,341 bilhão acumulado até setembro do ano passado rumo a um déficit de US$ 196,4 milhões neste ano.

Fonte: Valor online

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