Superávit do setor mineral ultrapassa o do Brasil




Pela primeira vez na História, o superávit da balança comercial do setor mineral vai superar o saldo da balança comercial brasileira. O salto no preço do minério de ferro e a elevada demanda internacional, especialmente em países emergentes, impulsionaram as vendas externas do minério em 2010, o que levará as  exportações do setor a superarem as importações em US$24,5 bilhões este ano, segundo projeções do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) obtidas com exclusividade pelo GLOBO. A cifra é o dobro da de 2009.

 

Na outra ponta, o real forte e o maior poder de compra do brasileiro fizeram as importações crescerem mais de 40% em relação a 2009, segundo dados do Ministério de Desenvolvimento. Como as exportações brasileiras não acompanharam o ritmo, o saldo da balança comercial deverá ser reduzido para cerca de US$16 bilhões, estima o Ibram, anulando boa parte do ganho do setor mineral.

 

O principal fator para o boom no superávit do setor mineral foram os recentes reajustes do preço do minério de ferro, que desde abril são trimestrais — até então, eram anuais. Em 2010, o preço médio do mercado spot (à vista) chinês, referência para os contratos das mineradoras, é de US$145 a tonelada, segundo o Ibram, alta de 81% sobre a cotação média de 2009 (US$80).

 

China responde por quase 50% das compras do minério

Com isso, os embarques ao exterior do minério, carro-chefe do setor e também das exportações totais brasileiras, alcançarão US$27 bilhões este ano, o dobro dos US$13,2 bilhões do ano passado, segundo o Ibram.

 

Será a primeira vez que um único item da pauta de exportações do Brasil ultrapassará a marca de US$20 bilhões, frisa o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.

 

Paulo Camillo Penna, presidente do IBRAM, lembra que o volume de minério exportado também aumentou, embora bem menos que o preço. Serão 300 milhões de toneladas vendidas ao mercado internacional este ano, 12,7% mais que em 2009: — A economia mundial se recuperou mais rapidamente que o imaginado, especialmente os países emergentes. Daí a maior demanda pelo minério de ferro. Como a oferta está apertada, o preço também acabou subindo acima do nível précrise.

 

Entre os principais compradores do minério brasileiro está a China, que este ano deve responder por 48% de nossas exportações, seguida do Japão (12,4%). Penna enfatiza, porém, que o peso da China tende a cair com a recuperação dos países europeus. Em 2009, os chineses compraram 56,4% do minério brasileiro. A Alemanha, outro importante importador, deve ter sua fatia ampliada de 4,1% em 2009 para 6,8% este ano.

 

Castro, da AEB, lembra que o descompasso entre o superávit do setor mineral e o da balança comercial brasileira ocorre porque as importações do país cresceram muito. Entre janeiro e a segunda semana de dezembro, elas somaram US$171,913 bilhões, 42,8% acima de igual período de 2009.

 

Já as exportações cresceram 31%, para US$188,269 bilhões. Com isso, o saldo acumulado está em US$16,356 bilhões. E poderá atingir US$17,3 bilhões, estima a AEB. — Houve forte aumento das importações de matérias-primas e bens de capital. A indústria, com o dólar fraco, prefere comprar insumos e equipamentos no exterior para atender à demanda crescente — avalia Castro.

 

Fonte: O Globo

 

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